Que todos os “fins”, “metas”, “sentidos” são só modos de expressão e metamorfoses da única vontade, que é inerente a todo acontecer: a vontade de poder;
Prazer e dor não são inversos em nada;
Não há dor em si. Não é o ferimento que dói; é a experiência das más consequências que pode ter um ferimento para o todo do organismo, que se pronuncia na figura daquele abalo profundo, o qual se chama desprazer;
Prazer e desprazer são coisas secundárias, não são causas; são juízos de valor de segunda classe;
o homem não procura prazer e não evita o desprazer; prazer e desprazer são meras consequências; cada vitória, cada sentimento de prazer, cada acontecer pressupõe uma resistência superada;
A vida mesma não é nenhum meio para algo; ela é a expressão de formas de crescimento de poder;
Valor é a suprema quantidade de poder que o homem consegue incorporar a si;
Os meios de expressão da língua são inutilizáveis para exprimir o devir: pertence à nossa indissolúvel necessidade de conservação estabelecer constantemente o único modo grosseiro do que permanece;
O Estado ou a imoralidade organizada…interior: como polícia, direito penal, classes sociais, comércio, família; exterior: como vontade de poder, de guerra, de conquista, de vingança;
(…)E resistimos à representação de que todos os grandes homens foram criminosos (criminoso em grande estilo, bem entendido, e não em estilo mesquinho), de que o crime pertence à grandeza;
O crime pertence ao conceito “rebelião contra a ordem social”;
Mas não se deve manifestar desprezo com a punição: o criminoso é, em todo caso, um homem que arriscou a vida, a honra, a liberdade – um homem de coragem;
Deve-se guardar de determinar o valor de um homem por uma única ação;
Somente à medida que certos castigos foram ligados a homens desprezíveis (escravos, por exemplo) é que o insultante adentrou a penalidade. Aqueles que, na maioria das vezes, foram castigados eram homens desprezíveis, e, por fim, já no próprio castigo havia algo insultante;
Um velho chinês disse ter ouvido que um sinal manifesto de que os impérios devem sucumbir é o fato de possuírem muitas leis.
Extraídas de “A vontade de poder”. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.