A neurociência trará uma autêntica revolução da imagem que o homem tem de si mesmo;
Se literariamente, em nosso século de Ouro, Calderón (1600-1681) afirmou que a vida é um sonho, alguns neurocientistas modernos sustentam que realmente toda vida é uma ilusão;
O livre arbítrio é provavelmente uma ilusão, mais uma ilusão entre muitas que o cérebro inventa;
A neurociência moderna nos mostra que as cores, a sensação subjetiva do vermelho ou do verde, são invenções do cérebro que não existem na natureza;
Do ponto de vista científico-natural, a causa de um fenômeno físico é outro fenômeno físico. Sabemos que os estados mentais podem causar fenômenos físicos, pelo que se conclui que os fenômenos mentais são fenômenos físicos;
Podemos existir sem liberdade, mas não sem memória;
A memória não é controlável por nossa consciência, tampouco o é a decisão que tomamos em um dado momento, pois essa decisão está condicionada por conteúdos dessa memória e, ademais, essa consulta é totalmente inconsciente;
Como diz Gerhard Roth, as decisões para nossos atos procedem do inconsciente, o que quer dizer que temos a impressão de que sabemos o que fazemos, mas que em realidade o que o consciente faz é atribuir-se algo que não é obra sua;
Não existe nenhuma mente como um ente imaterial que seja de natureza distinta das estruturas e conexões nervosas de nosso cérebro;
Rechaço qualquer tipo e dualismo que separe a mente do cérebro, a alma do corpo e as funções anímicas ou mentais de nossa atividade cerebral;
Sustento que o eu é uma construção cerebral que não tem uma base estrutural definida no cérebro;
A falta de liberdade mudará completamente a valoração que fazemos de nossa própria conduta e da conduta dos outros. Só podemos castigar pessoas que são responsáveis de seus atos, e o castigo está unido tanto à culpa como a culpa à liberdade;
Uma coisa é que o ser humano, como conseqüência de uma maior complexidade de seu cérebro, disponha de maior grau de liberdade que outros animais e outra muito distinta é que quando elege entre as diversas opções o faça livremente, isto é, sem condicionamentos prévios;
Não podemos negar que temos muitas possibilidades de atuação ou opções para eleger, porém o que não sabemos é que por que o fazemos, é dizer, se esta decisão foi completamente livre ou não;
A consciência dos atos voluntários é posterior à decisão tomada inconscientemente pelo cérebro;
A impressão subjetiva de vontade é uma conseqüência da atividade prévia, inconsciente, do cérebro, e não sua causa.
Extraídas de el fantasma de la libertad, de Francisco J. Rubia. Barcelona: Crítica, 2009.