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Citações: Nietzsche

O que se pode prometer. – Pode-se prometer atos, mas não sentimentos; pois estes são involuntários. Quem promete a alguém amá-lo sempre, ou sempre odiá-lo ou ser-lhe sempre fiel, promete algo que não está em seu poder; mas ele pode prometer aqueles atos que normalmente são consequências do amor, do ódio, da fidelidade, mas que também podem nascer de outros motivos.

Execuções. – O que faz com que toda execução nos ofenda mais que um assassinato? É a frieza dos juízes, a penosa preparação, a percepção de que um homem é ali utilizado como um meio para amedrontar outros. Pois a culpa não é punida, mesmo que houvesse uma.

Impedimento do suicídio.- Há um direito segundo o qual podemos tirar a vida de um homem, mas nenhum direito que nos permita lhe tirar a morte: isso é pura crueldade.

Não julgueis.- Devemos ter o cuidado de não incorrer na censura injusta, ao refletir sobre épocas passadas. A injustiça da escravidão, a crueldade na sujeição de pessoas e povos não deve ser medida pelos nossos critérios

Inocente corrupção.- Em todas as instituições em que não sopra o ar cortante da crítica pública, uma inocente corrupção brota como um fungo (por exemplo, nas associações eruditas e senados).

Amigo.- É a partilha da alegria, não do sofrimento, o que faz o amigo.

Humana sina.- Quem pensa mais profundamente sabe que está sempre errado, não importa como procede e julgue.

Paixão e direito.- Ninguém fala com mais paixão de seus direitos do que aquele que no fundo da alma tem dúvida em relação a esses direitos.

Os fanáticos.- Em tudo que dizem em favor de seu evangelho ou de seu mestre, os fanáticos defendem a si mesmos, por mais que assumam ares de juízes (e não de acusadores), pois involuntariamente e a quase todo instante eles são lembrados de serem exceções que têm de se legitimar.

Àquele que nega a sua vaidade.- Quem nega a vaidade dentro de si, geralmente a possui de forma tão brutal que instintivamente fecha os olhos diante dela, para não ter que se desprezar.

Honesto com a honestidade.- A última coisa que ocorre a alguém publicamente honesto consigo mesmo é gabar-se dessa honestidade: pois ele sabe muito bem que é honesto pela mesma razão por que um outro prefere a aparência e a dissimulação.

Pouco e sem amor.- Todo bom livro é escrito para um determinado leitor e os de sua espécie, e justamente por isso, não é visto de modo favorável por todos os demais leitores, a grande maioria (…). O livro medíocre e ruim o é justamente porque busca agradar e agrada a muitos.

Original.- Não é o fato de ver primeiramente algo novo, mas de ver como novo algo velho, bem conhecido, visto e negligenciado por todos, o que distingue as cabeças verdadeiramente originais.

Como o dever ganha brilho.- Eis o meio para transformar em ouro, aos olhos dos outros, o seu dever de ferro: cumpra sempre mais do que promete.

Arrependimento.- Nunca ceder ao arrependimento, e sim dizer imediatamente a si próprio: “isto significa juntar uma segunda estupidez à primeira”. Tendo-se feito um mal, cuide-se para fazer um bem.

 

Extraídas de Humano, demasiado humno, I e II. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

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Não é fácil prefaciar qualquer trabalho de Paulo Queiroz, principalmente quando ele homenageia o prefaciador. O largo tirocínio no Ministério Público Federal, os longos anos de magistério universitário e as inúmeras palestras proferidas por esses brasis afora, congeminados, descortinaram-lhe novos horizontes. E aí está a literatura jurídica pátria engrandecida com mais um trabalho que honra sobremodo as nossas tradições.

A prescrição é a mais relevante, a mais complexa, a mais controversa e a mais frequente causa de extinção da punibilidade. Nem todos concordam com a prescrição e sempre houve quem propusesse a sua abolição total ou parcial sob a justificativa de ser um dos fundamentos da impunidade.

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