Li um texto e ele me disse algo.
Mostrei-o a um amigo, e a ele o texto disse coisa diversa.
A uma terceira pessoa, o texto disse algo que não dissera a nenhum de nós.
A uma quarta, o texto emudeceu.
Voltei a lê-lo muito tempo depois e o texto me disse algo completamente novo.
Tenho agora a impressão de que o texto jamais nos disse coisa alguma.
E que a cada momento, a cada contexto, o texto nos diz algo de novo, ou melhor, nós dizemos que ele nos diz algo de novo.
E que, a pretexto de falar de textos, estamos a falar de nós mesmos, de modo que os textos somos nós e nós somos os textos.
E que os limites de um texto são nossos próprios limites.